CAMPO DE DESCONCENTRAÇÃO
Antes de mais um Benfica - Porto, a família foi para o campo da bola dar uns toques. Aliviar do nervoso miudinho? Nem por isso. O que acontecer, acontecerá. É sobretudo o tempo de descontrair, de todos nos sentirmos heróis uns dos outros, bons de pés, bons de cabeça, bons de tudo, em suma, uns magos da bola. Cada bola ao lado, cada bola ao ferro, aqui tem graça, rimos, gritamos, mas não nos irritamos nem nos zangamos nem nos lamentamos excessivamente. Cada defesa que fazemos, por simples que seja, é comemorada pelos outros como se extraordinária fosse. Somos uns craques e uns tecnicistas de meia tijela, mas sentimo-nos os maiores. É esse o espírito do jogo da bola.
Mas logo à noite, no Benfica - Porto, tudo vai ser diferente. Cada bola ao lado, cada bola ao ferro, motivará profundos suspiros de alívio ou de raiva, conforme os lados, provocará zangas e lamentos excessivos. O maior dos esforços de cada jogador será tido como pequeno se não obtiver resultados práticos.
Ganhar, ganhar, ganhar, ganhar sempre, está na moda. É essa a palavra de ordem. Mas hoje eu já ganhei o que queria: uma hora de diversão, de jogo de bola, com os putos. Não preciso de mais vitórias.
Mas era tão bom que o Benfica ganhasse...
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